Os intrumentos musicais populares portugueses,pertencem à tradição organológica europeia, e para a sua descrição seguimos a classificação de C. Sachs e Hornbostel, que agrupa todas as espécies existentes em quatro categorias, conforme a natureza do elemento vibratório.
Idiofones – quando o elemento vibratório é o próprio corpo do instrumento que é constituido por materiais mais ou menos vibráteis independentemente da sua tensão.
Membranofones – quando esse elemento é uma membrana retesada
Cordofones – quando ele é uma corda esticada
Aerofones – quando ele é o ar accionado de modo especial pelo instrumento
Cordofones
VIOLA BRAGUESA
Com 5 ordens de cordas duplas metálicas. Tem a abertura central em forma de boca de raia. É tocada de rasgado, isto é, correndo todas as cordas ao mesmo tempo, ora com cinco dedos todos juntos, ou só com o polegar e o indicador. Mas os bons tocadores, ao mesmo tempo que tocam de rasgado, destacam sobre as primeiras cordas, mais agudas, a linha do canto.
VIOLA AMARANTINA
É muito semelhante à viola braguesa, mas tem a boca em forma de dois coraçoes .
VIOLA TOEIRA
É hoje uma espécie já completamente extinta, semelhante à viola braguesa em dimensões. Tem a abertura central sempre em forma oval deitada. Tem no entanto doze cordas, organizadas também em cinco ordens. As três primeiras duplas, e as duas últimas triplas.
VIOLA BEIROA
É um instrumento muito ornamentado. Além das cinco ordens de cordas, tem duas cordas mais agudas e presas a um cravelhal suplementar junto da caixa, e que eram sempre tocadas sem serem pisadas.
VIOLA CAMPANIÇA
É a maior das violas portuguesas. De enfranque muito pronunciado, tem também cinco ordens de cordas. As três primeiras duplas e as duas últimas triplas. É tocada de dedilho apenas com o dedo polegar.
VIOLA DE ARAME OU DA TERRA
São semelhantes à viola braguesa, mas de boca redonda na Madeira, e nos Açores com duas formas distintas. A de tipo micaelense com a boca em forma de dois corações, e a terceirense com a boca redonda.
CAVAQUINHO
Da família da viola, mas de forma muito mais reduzida. Tem quatro ordens de cordas simples. Toca-se de rasgado.
BRAGUINHA
É um tipo de cavaquinho da ilha da Madeira. É tocado de rasgado pelos grupos de bailhos que existem em algumas zonas rurais da ilha. Na cidade do Funchal aparecia integrado em tunas, dedilhado com uma palheta. Este instrumento terá sido levado para o Hawai nos fins do século passado por emigrantes madeirenses tornando-se aí um instrumento muito popular com o nome de Ukulele.
RABECA CHULEIRA
Espécie de violino, mas de braço muito curto e escala muito aguda, afinando urna oitava acima do violino.
GUITARRA
A guitarra portuguesa é um instrumento de grande importancia na música tradicional. De corpo piriforme tem seis ordens duplas, e é tocado com uma técnica especial em que o tocador usa unhas postiças para poder tirar melhor sonoridade do instrumento. VIOLÃO – Com seis ordens de cordas simples serve de acompanhamento à guitarra portuguesa, ou à viola nos grupos das rusgas e chulas minhotas.
RAJÃO
É um instrumento também madeirense que toca juntamente com a braguinha. Tem um tamanho intermédio entre cavaquinho e a viola. Tem cinco ordens de cordas simples. É um instrumento acompanhador.
Aerofones
GAITA DE FOLES
É um aerofone composto por dois tubos ligados a um saco feito de pele de cabrito. Um dos tubos é cilíndrico e composto por três secções tendo na extremidade uma palheta simples de cana, produzindo sempre a mesma nota. É o chamado bordão ou roncão. O outro tubo mais pequeno é de secção cónica com oito orifícios, de palheta dupla e toca a melodia. O fole cheio de ar através de um outro pequeno tubo munido de uma válvula, é pressionado pelo braço o tocador, obrigando o ar a sair, pondo as palhetas a vibrar.
FLAUTAS
Existem dois tipos de flautas: flauta de bisel de corpo cilíndrico ou ligeiramente cónico e com três furos; a flauta travessa geralmente feita de cana na faixa ocidental do país no Minho, Estremadura e Algarve, e de sabugueiro no interior, nomeadamente na Beira Baixa. Tem seis furos além do insuflador.
CONCERTINA
É um aerofone de palhetas livres que são accionadas por meio de um fole que une os dois teclados.
PALHETA
É um instrumento de palheta dupla, tipo oboé. O tubo melódico tem cinco orifícios, e termina em forma de campanula.
Membranofones
Os tambores portugueses são de um tipo comum. Bimembranofones de caixa de ressonância cilíndrica, e de peles tensas por meio de cordas ou parafusos que apoiados em aros esticam uniformemente as duas peles.
CAIXA
É tocada com duas baquetas em posição horizontal. Sobre a pele inferior tem geralmente um ou mais bordões, ge
almente feitos de tripa.
BOMBO
Pode ter até cerca de oitenta centímetros de diâmetro. São tocados na vertical, geralmente só numa das peles com uma masseta. Não têm bordões nas peles o que Ihes dá uma sonoridade profunda.
TAMBORIL
O tamboril caracteriza-se pelo fuste cilíndrico alongado, e pela existência de bordões em ambas as peles. Tocando juntamente com a flauta, e percutido por uma só baqueta.
ADUFE
Bimembranofone de forma quadrangular. As peles são cosidas entre si, e no seu interior são colocadas sementes, grãos de milho ou pequenas soalhas, a fim de enriquecer a sonoridade.
SARRONCA
É um membranofone de fricção composto de um reservatório, geralmente uma bilha, que serve de caixa de ressonância, cuja boca é tapada com uma pele esticada que vibra quando se fricciona um pequeno pau ou cana preso por uma das pontas no seu centro.
Idiofones
Juntamente com estes instrumentos mais importantes existem outros, geralmente idiofones que têm funções diversas, e que são divididos nas seguintes categorias: Instrumentos para marcar o ritmo e acompanhar a dança CASTANHOLAS, FERRINHOS, BILHA COM ABANO, REOUE-REQUE.
– Instrumentos da Semana Santa, Carnaval, Serração da Velha, etc.
MATRACAS, ZACLITRACS
– Instrumentos próprios de certas profissões e modos de vida, para avisar por exemplo o começo de determinados trabalhos
GAITA DE AMOLADOR, CORNETAS, ASSOBIOS DE CAÇA, CORNOS, BÚZIOS
– Instrumentos de passatempo individual
OCARINA, HARMÓNICA DE BOCA ,GAITAS DE PALHAS